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Cidade de SP tem redução nos casos confirmados de dengue nas últimas seis semanas

De acordo com boletim de arboviroses, publicado nesta segunda-feira (3), pico da doença ocorreu na semana do dia 22 de abril, quando foram registrados 42.976 novos casos. Apesar da queda, índice ainda segue alarmante

O número de casos confirmados de dengue na cidade de São Paulo em 2024 registra queda há seis semanas, de acordo com o último boletim de arboviroses, publicado nesta segunda-feira (3).

O documento apresenta a relação de casos confirmados a cada semana epidemiológica. De acordo com os dados da secretaria municipal da Saúde, a situação é considerada estável.

O maior aumento foi registrado entre as semanas do dia 15 e 22 de abril, com 42.976 novos casos. Desde então, o número de novos casos sofreu uma redução média de 4.668 a cada sete dias.

Apesar da queda, os números ainda são alarmantes em comparação ao ano passado.

Em 2023, de janeiro até o dia 3 de junho, foram 10.813 casos. Neste ano, no mesmo período, foram 412.778 casos.

Calor prolongado atrasou queda, diz prefeito
No final do mês passado, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse que a queda foi retardada por conta das mudanças climáticas.

“A questão da dengue, ela tem uma correlação muito forte com a questão climática. No calor ela vai produzir mais e no frio ela vai reduzir a sua condição”, disse.

“Quando tem uma situação de alteração dessa situação, a gente estende [o platô] mais do que tinha previsto, mas isso deve, agora, começar a cair”, completou à época.

De acordo com Nunes e o secretário da Saúde, Luiz Carlos Zamarco, os casos da doença atingiram o platô, ou seja, a curva de crescimento está estabilizada.

Segundo dados do boletim de arboviroses da capital, os casos registram uma média de crescimento estável de 34 mil por semana.

Subnotificações
Para a especialista Ana Ribeiro, médica epidemiologista do Hospital Emílio Ribas, o município passa por uma subnotificação de casos por conta da falta de diagnósticos clínico epidemiológicos e pelo uso dos testes rápidos.

“Existem dois critérios para confirmar [um caso de dengue], o laboratorial ou o clínico epidemiológico, que é quando você não tem o exame, mas o paciente mora em uma área que está tendo epidemia, então eu posso dizer que ele é dengue”, conta. “O que está acontecendo em São Paulo é que tem muito teste rápido. Ele dá negativo e o paciente, teoricamente, devia colher uma segunda amostra porque pode ser dengue. Só que esses casos acabam sendo descartados porque é difícil o paciente voltar para colher uma segunda amostra”, afirma.

Já o prefeito Ricardo Nunes nega que haja mais casos existentes do que os números divulgados pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS), e ainda cita os testes rápidos como os responsáveis pela exatidão dos dados.

“Subnotificação na Cidade de São Paulo não tem, até porque é a única cidade que fez, com recursos próprios, a aquisição de 400 mil testes [rápidos] de dengue, que nós colocamos nas nossas 470 UBSs e UPAs. Portanto, em todos os equipamentos de saúde, a pessoa que estiver com suspeita de dengue vai poder fazer o teste”, disse. “A gente vai ter casos notificados maiores que os outros porque a gente tem o teste para fazer essa verificação”.

Para Ana Ribeiro, o número de notificados está mais perto da realidade do que os dados classificados como “confirmados”. Além da existência da subnotificação, ela também menciona o fechamento da investigação dos casos.

“Os confirmados são aqueles que já foram encerrados. Então, o que acontece é que tem muito caso em aberto e esse encerramento pode ser feito entre 30 e 60 dias”, explica. “Então, o certo seria fazer um ajuste nessas últimos semanas para estimar quantos casos têm, entendeu? Porque é natural que caia porque não teve o tempo ainda de encerrar todos os casos. Provavelmente tem muito caso para encerrar que não tá no sistema”

Ela também cita o nowcasting – prática de prever o “agora” usada na pandemia para estimar os dados reais da doença – como uma alternativa para se ter a realidade traduzida em números.

Sobre os pontos levantados pela especialista, Nunes afirmou preferir confiar em seus próprios profissionais. “Com relação aos especialistas, eu prefiro ficar com os especialistas da Secretaria da Saúde do município de São Paulo, porque tem vários tipos de especialistas. Tem aquele que dá muito palpite e tem especialista que vive a realidade do povo todos os dias, quem está lá dando plantão, quem está acompanhando”.

Ribeiro, que trabalha toda semana com a doença no Hospital Emílio Ribas, afirma que, no seu dia a dia, a situação da dengue na capital continua grave. “Eu não percebo redução de casos. A gente ainda tem casos internando todo dia, né? Talvez quando de fato a temperatura cair, aí melhore”.

Cuidados contra a dengue

Evite qualquer reservatório de água parada sem proteção em casa. O mosquito pode usar como criadouros grandes espaços, como caixas d’água e piscinas abertas, até pequenos objetos, como tampas de garrafa e vasos de planta.

Coloque areia no prato das plantas ou troque a água uma vez por semana. Mas não basta esvaziar o recipiente. É preciso esfregá-lo, para retirar os ovos do mosquito depositados na superfície da parede interna, pouco acima do nível da água. Isso vale para qualquer recipiente com água.

Pneus velhos devem ser furados e guardados com cobertura ou recolhidos pela limpeza pública. Garrafas pet e outros recipientes vazios também devem ser entregues à limpeza pública. Vasos e baldes vazios devem ser colocados de boca para baixo. Limpe diariamente as cubas de bebedouros de água mineral e de água comum. Seque as áreas que acumulem águas de chuva. Tampe as caixas d’água.

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